já me viu batendo as asas
como cada matina arranca
da árvore a ave matutina?
já me viu nu, com o rabo
enrolado na árvore pantaneira
e o falo que nela serpenteia?
já me viu com o dado órgão
enrolado em meu pescoço galhoso
puxando gravemente a paz pela raiz?
já me viu saindo os olhos
pelo furo da fechadura verde
com o bicho da maçã verde na boca?
já me viu chupando um ovo
retirado do glacê de um bolo
craquelando a casca fraca?
já me viu com fluidos nos dedos
levando a mão em questão ao peito
do célebre cerne que a madeira afoita?
já me viu gozando num cachorro
que me transmitira o virus da raiva
e fora por mim esquartejado ainda vivo?
já me viu como um carnívoro
de razão fálica intransferível
aos berros do rancor inocente?
pois devia ter visto...
(Límerson, 2010)
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