E ficou olhando igual uma plateia olha. Sempre
com muita atenção,
pelo menos até ele começar a fazer aquela
dancinha.
- Você fica aí chorando pelas portas abertas,
como se elas estivessem penduradas das suas máculas.
- Deus se ouça, ela disse. Deus se ouça.
- Não sei por que não fecha essas portas de uma vez ao invés de ficar aí chorando.
- Deus se ouça, ela disse. Deus se ouça.
Ele diz que estava escrevendo. Um diálogo “Do
mais excruciante Dezembro”, 2014, um livro fictício.
- Fale mais sobre isso.
- Do
mais excruciante Dezembro é o mais excruciante Janeiro, é o mais excruciante
Fevereiro, é o mais excruciante Março, é o mais excruciante Abril, é o mais excruciante Maio, é o mais excruciante Junho, é o mais excruciante Julho, é o mais excruciante Agosto, é o mais excruciante Setembro, é o
mais excruciante Outubro, é o mais excruciante Novembro do mais excruciante
Dezembro.
- Parece um golpe publicitário muito pontual.
Mas, nunca se esqueça,
um golpe publicitário muito pontual mesmo teria que ser um golpe desferido pelo
tempo! Sem nenhum tipo de concessão! Frente e Verso!
- A conversa está boa, mas chegou a hora. Desaparecerei
diante de vocês, conforme o combinado.
E ficou olhando igual uma plateia olha,
sempre com muita atenção,
pelo menos até ele começar a fazer aquela
dancinha.
(Do livro fictício "Do mais excruciante Dezembro", 2014)
(Do livro fictício "Do mais excruciante Dezembro", 2014)
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